Tenho lido com certa frequência que é preciso votar no ‘novo’
e alguns pré-candidatos se colocam nesse posto. Eu sinceramente olho todos com
carinho. Conheço todos e sei que existem qualidades e defeitos neles (defeito
todo mundo tem), mas não vejo nada de ‘novo’. Todos já estão há algum tempo na
vida pública e não conseguem apresentar nada que convença o eleitor de votar
diferente. A mudança pode surgir mais por insatisfação que por novas ideias.
Vou tentar retratar aqui o que penso como ‘novo’ e espero que
eu consiga ser o mais transparente possível. Quero deixar bem claro que as
linhas a seguir são apenas a minha humilde opinião.
Não acredito na reeleição, se o candidato não comunga com
essa ideia (para mim) ele não pode ser considerado o ‘novo’. Acredito que a
reeleição traz uma série de vícios e promessas que só prejudicam o município.
Penso em um mandato único de cinco anos. Quando aparecer um candidato que
abdique da reeleição, documentando em cartório o fato e divulgando para todos
que não aceitará se candidatar para um segundo mandato, as coisas poderão
começar a andar.
O ‘novo’ candidato deverá ter um plano de governo. Pode ser
simples, mas precisa oferecer algo para o povo, fora crítica, reclamações e
ataques pessoais ao gestor atual. Acredito que política é mais que apontar os
erros. Acho necessário dar soluções. O ‘novo’ precisa expor suas ideias e levar
de porta em porta, ouvindo o povo e acrescentando o que surgir de novo nesse
projeto. Esse ‘novo’ governo precisa ser participativo, precisa ter a presença
do povo, e deixar sempre claro que medidas duras precisarão ser aplicadas.
Medidas impopulares precisam ser tomadas e por isso bato na
tecla que quem quer ser o ‘novo’ não pode pensar na reeleição. Precisa pensar
em arrumar o município, começando por um grande cadastro imobiliário – o último
foi feito no governo de HO – que irá rever o valor venal da maioria dos imóveis
de Ibicaraí. Tem inúmeros imóveis – inclusive o meu – que consta na prefeitura
com um valor venal muito abaixo do mercado. Em um município que arrecada pouco,
o novo cadastro ajudaria muito. Mas essa medida é impopular e atrapalharia os
projetos pessoais da maioria dos candidatos.
Uma outra medida impopular – e essa o ‘novo’ candidato teria
que ter sangue no olho para fazer – é contratar pouco, de preferência só
funcionários de primeiro escalão (secretários), segundo escalão (diretores) e
pouquíssimos – eu disse pouquíssimos nomes para o terceiro escalão. Nada maior
que 100 profissionais capacitados para compor as áreas mais carentes. A
prefeitura teria que ter entre 750 e 800 funcionários. A drástica redução faria
com que a estrutura funcionasse só com os concursados e efetivos, trabalhando
em dois turnos, pois menos funcionários é igual a mais trabalho. Acredito que
sobraria dinheiro para serviços essenciais.
Na Educação é preciso acontecer uma grande reforma e o ‘novo’
candidato teria que aposentar muito professor que já passou da hora. Cortar
benefícios: quem fez concurso para 20 horas tem que trabalhar 20 horas. Nada de
beneficiar A ou B com mais 20 horas porque a pessoa é aliado ou aliada. Reduzir
drasticamente o número de coordenadores e secretárias nas escolas. Professor
precisa dar aula. Tem muito professor que não dá aula faz tempo. Com uma
redução de 30% da classe daria para equacionar a relação receita e despesa.
Profissional da Educação que tem 40 horas tem que trabalhar 40 horas. É
necessário ter um órgão que regule a classe (outra medida impopular). A OAB
regula o advogado. O CREA regula engenheiros e arquitetos. Quem regula o
professor? É preciso fiscalizar o professor na sala de aula e fazer prova
periodicamente para testar a capacidade de determinados professores. O aluno
está saindo das séries iniciais sem saber ler e escrever. O professor tem sua
parcela de culpa nesse processo. Acho que o sindicato deveria ajudar nesse
processo de fiscalização.
Na Saúde é preciso ter um ‘novo’ que reveja a questão do
hospital. O município não consegue manter essa estrutura. Expor para a
sociedade e fazer, se possível, um plebiscito. O povo precisa ajudar em
determinadas decisões. O ‘novo’ gestor precisa valorizar o médico de Ibicaraí.
A prata da casa. Independente de lado ou grupo político. Tem médico de Ibicaraí
trabalhando em outras cidades. Por outro lado os médicos precisam ser cobrados.
O horário é 8 e tem médico que chega às 10h e saem às 11h, quando não aparecem
e fica por isso mesmo. A questão dos remédios é outro problema. Sobra em
determinados locais e falta em outros. Falta Mutirões de Saúde, levando
especialistas de acordo com a necessidade da localidade. Aí entra os ACS, os
Agentes de Saúde precisam ser melhor remunerados e ganhar um extra por
produção. Os ACS e ACE são os indivíduos que literalmente entram em nossas
casas. Eles deveriam munir a Secretaria de Saúde de informação. Os ACS e ACE
ajudariam na ‘saúde preventiva’. Vale ressaltar que todo país de primeiro mundo
foca na saúde preventiva e a atividade física é uma das inúmeras formas de
prevenir.
A Infraestrutura precisa trabalhar melhor. Todos os governos
que vi passar vivem de fazer reparos mal feitos (por faltar material
necessário) e de um engenheiro na pasta. Coloca um profissional gabaritado como
secretário e o de confiança como diretor ou gerente. Cria uma Secretaria de
Obras com pelo menos dois estagiários de engenharia produzindo projetos. O
saneamento básico precisa ser repensado e quem não pensar em resolver a longo
prazo (25 ou 30 anos) não irá resolver. Fazer esgoto e jogar no rio não é
solução. É problema! Existem formas sustentáveis de tratar os esgotos, jogando
água limpa nos rios e reaproveitando o resto para adubo. É um trabalho
demorado, mas precisa em um momento iniciar com algum projeto piloto.
O lixo é um dos grandes problemas do município. O governo
anterior iniciou um plano e deixou pela metade. O atual vem fazendo dois
planos: o Plano Municipal de Saneamento Básico (PMSB), que está sendo feito
pela prefeitura e a FUNASA, e paralelo a esse plano a prefeitura contratou um
biólogo (Saulo Araújo) que está desenvolvendo o Plano Municipal de Gestão
Integrada de Resíduos Sólidos (PMGIRS), por sinal um excelente projeto que o
Governo do Estado e a Amurc querem usar como modelo. Com esses dois planos na mão
é necessário buscar recursos para o tão sonhado aterro sanitário e implantar a
coleta seletiva no município. Não é fácil, mas é preciso começar. Basta dizer
que produzimos em média 22 toneladas de lixo a cada 24 horas. Com a coleta
seletiva metade desse lixo pode virar dinheiro para o catador. O impacto
ambiental cai pela metade só com a coleta seletiva. O ‘novo’ precisa ter
conhecimento e vontade de avançar nessa área.
O SAAE é o setor que precisa de um verdadeiro choque de
gestão. A autarquia precisa fazer uma grande medida impopular. O SAAE arrecada
muito pouco e consequentemente pouco investe. Uma estrutura ultrapassada que
precisa de investimento. É inadmissível que os distritos paguem menos de 10
reais por mês em 10 mil litros de água.
Para ter ideia como é barato ter água em Ibicaraí, basta
entrar em qualquer estabelecimento comercial e pedir uma água de 500ml (meio
litro) e você terá de pagar em média 2 reais. O cidadão compra meio litro por
dois reais e não reclama, mas reclama de 10 mil litros por menos de 10 reais do
SAAE. Na sede o valor médio é de 30 reais. Divide 30 reais, por 30 dias e verá
que um dia inteiro de consumo, com banhos, comida, lavagem de roupa e limpeza
de casa só custará 1 real para a residência beneficiada com 3 ou quatro pessoas.
É muito barato, para um produto tão essencial. É preciso rever a política de
preços do SAAE e mostrar para a população que para investir é preciso pagar
mais. Não conseguimos viver sem água.
Ainda falando de água é necessário arrecadar mais, para poder
investir no Pagamento por Serviço Ambiental (PSA). Boa parte da nossa água sai
da terra, das nascentes que estão localizadas – na maioria das vezes – em
propriedades particulares. É preciso pagar para o dono da terra cuidar dessas
nascentes ou em breve elas secarão, pisoteadas pelo gado ou seca, pelo sol a
pino, sem a proteção das matas que estão sendo derrubadas. O ‘novo’ ou o atual
gestor precisa olhar com carinho para a preservação das nossas nascentes. Nosso
Legislativo também precisa carregar essa bandeira.
Precisamos ter uma barragem ou represa de acumulação. As que
temos no Luxo, na Serra do Córrego Grande e na Serra da Banha são de retenção.
O ‘novo’ gestor precisa apresentar um projeto e correr atrás. Ibicaraí, apesar
de ter quase uma centena de nascentes, não suporta 60 dias de seca. Já tivemos
essa experiência em dezembro de 2015. Investir em uma grande represa ou
barragem de acumulação é essencial.
Investimento no SAAE é outro ponto que o ‘novo’ precisa ter
em mente. Só reclamar da cor da água não vai ajudar no processo de limpeza do
produto. O SAAE precisa urgentemente modernizar sua Estação de Tratamento
(ETA). Segundo o atual diretor da autarquia é necessário fazer pelo menos mais
um tanque para tratamento e investimentos nos antigos.
Na agricultura o ‘novo’ precisa conhecer verdadeiramente o
município e suas regiões, sabendo o que produz cada uma. Nós temos em torno de
240 quilômetros de estradas vicinais, se dividirmos por aproximadamente 220
dias úteis, em um ano nós vamos chegar ao número mágico de 1.1 quilômetro por
dia que precisa ser recuperado. É necessário uma política agrícola mais voltada
para o homem do campo. Nossa secretaria de Agricultura precisa ter um veículo
para o campo e uma equipe técnica, com profissionais do campo, e um cronograma
anual de atividades, onde o homem do campo precisa ser avisado previamente.
Temos quatro distritos que dividem as suas atividades em urbanas e rurais.
Quatro grandes assentamentos que produzem muito hortifruti e uma feira verde
com quase 30 famílias vivendo do que produz. O ‘novo’ precisa ter uma política
agrícola para esse povo pelo menos no papel.
Não falarei muito do Social, pois é um setor que ainda
funciona plenamente no município, com diversos serviços oferecidos à população
de baixa renda. Bolsa Família, PIS, CREAS, CRAS e SCFV só precisam de ajustes,
que o ‘novo’, colocando técnicos, manterá o bom atendimento e funcionamento.
Vamos falar do ‘Calcanhar de Aquiles’ de qualquer gestor em
Ibicaraí: a tão sonhada fábrica. Instrumento que precisa chegar em nosso
município e gerar pelo menos 100 empregos diretos (o ideal seria entre 200 e
300). Trazer uma fábrica para Ibicaraí é a certeza de dias melhores. O povo
quer e precisa trabalhar. O ‘novo’, precisa ter deputados comprometidos e
alinhados com as esferas Estadual e Federal. O ‘novo’, com deputado Copa do
Mundo, não serve. Precisamos de deputados que vivam a região e olhem para
Ibicaraí de forma verdadeira. Quando isso acontecer, e se todos se unirem, nos
teremos não só dois, e sim, seis ou oito deputados pedindo e lutando por nós.
IBICARAÍ PRECISA DE EMPREGOS DIRETOS. PRECISAMOS DE UMA FÁBRICA!
Volto a dizer que essas mal traçadas linhas são um pouco do
que penso. Não dá pra colocar tudo nos mínimos detalhes pois viraria um livro e
as pessoas fugiriam da leitura. Deixei de lado o cemitério, os distritos e seus
problemas, os bairros periféricos e principalmente um aprofundamento maior na
questão do saneamento básico, que atinge esgoto, lixo, água e um pouco de meio
ambiente, pois acho que essa discussão pode ser em um segundo momento. Não sou
político e nem tenho nenhuma pretensão na área. Também não sou técnico e não
tenho nenhuma formação acadêmica e posso está enganado ou equivocado em
determinadas questões. Minha experiência e vivência é fruto de 51 anos de vida,
vendo e ouvindo. Na verdade eu sou apenas um cidadão que escolheu Ibicaraí para
morar e quer ajudar.
Quanto aos ‘novos’, ‘antigos’ ou eternos candidatos, antes de
pensar Ibicaraí e a prefeitura como projeto pessoal, que tal pensar como um
projeto para 23 mil habitantes? Sei que todos são capazes e querem o melhor
para Ibicaraí. Vamos deixar de criticar por criticar e começar a apontar
soluções! Sei que vocês podem e são capazes, pois conheço todos. Deixem a
escolha para o povo.
IBICARAÍ EM PRIMEIRO LUGAR!
Arnold Coelho
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