Erick Félix Maia, diretor licenciado do Sindae (Sindicato dos
Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente da Bahia) e integrante do Comitê
em Defesa da Emasa, relata sobre as providências tomadas pela entidade diante
do escândalo de corrupção na empresa. As irregularidades teriam movimentado
quase meio milhão de reais, segundo cálculos do Ministério Público. De acordo
com Maia, o sindicato precisou acionar o MP, porque a funcionária que havia feito
uma denúncia em forma de desabafo para o prefeito Claudevane Leite estava sendo
perseguida.
Como a Emasa tem se posicionado frente às recentes denúncias de
corrupção?
Depois da prisão do diretor responsável pelo Planejamento e Expansão,
José Antônio Santos, e do funcionário Pedro Barreto, a diretoria da empresa
emitiu nota pública dizendo que a corrupção era fato isolado e que apoiava a
ação do MP [Ministério Público].
O sindicato já tinha conhecimento do esquema que movimentou quase meio
milhão de reais na venda ilegal de água?
Sim. Sempre existem fatos na Emasa ou em outras empresas, envolvendo
malfeitos, que todos sabem, mas ninguém tem coragem de denunciar. Assim, o
Sindae sabia desse esquema pelo que se comentava por todos os cantos da
empresa.
Vocês têm uma estimativa de quantos integrantes do quadro da emasa
estão envolvidos nas irregularidades?
No esquema de venda ilegal de água houve envolvimento ou conivência de
outras pessoas, mas esses estão sendo investigados pelo MP. Não poderia
quantificar. Mas existe outro esquema em investigação de “farra de diárias” e
autoadiantamento de vencimentos, que envolve outros diretores da Emasa.
Foi o Sindae que provocou o Ministério Público?
Sim. O Sindae teve que agir porque uma funcionária da Emasa estava
sendo perseguida pela diretoria da empresa, porque fez as denúncias ao prefeito
Vane em tom de desabafo numa reunião dos trabalhadores em frente ao portão da
ETA [Estação de Tratamento de Água], no bairro São Lourenço. Ela pegou
suspensão de três dias e depois um processo administrativo disciplinar, a que
até o momento está respondendo. Foi necessário ajudá-la; assim, o sindicato
atuou em conjunto com o MP [Ministério Público].
Qual a expectativa da entidade sindical no que se refere à punição dos
envolvidos?
Acho que qualquer cidadão espera que a justiça seja feita. Mas existem
outras situações extremamente lesivas à Emasa, que são os penduricalhos de
nomeação política, que retiram, com pagamentos de salário, encargos e
benefícios, milhões de reais por ano. Dinheiro que deveria ser investido na
melhoria dos serviços. Assim, esperamos que essa operação do MP e a crise
hídrica façam com que a comunidade itabunense possa abraçar a campanha que será
iniciada pelo Comitê [em Defesa da Emasa], que tem como proposta a autonomia técnica
e gerencial da Emasa, a exoneração de todos os funcionários não concursados da
empresa e a criação de um conselho popular com representação de vários
segmentos sociais, para ajudar a construir uma empresa sustentável e voltada
para atender aos interesses do povo de Itabuna.
Fonte; Diário Bahia
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