CÂMARA DE VEREADORES DE IBICARAÍ

CÂMARA DE VEREADORES DE IBICARAÍ
AGORA AS SESSÕES ACONTECEM ÀS QUINTA-FEIRAS.

8 de outubro de 2025

Eu ouço vozes de quem já morreu todos os dias

 



Desde novo, ouço vozes de quem já partiu — dessa para uma melhor — a começar pelo eterno Cartola, sempre dizendo que o mundo é um moinho. Às vezes ele pede para deixá-lo ir, pois precisa andar, indo por aí a procurar, e termina dizendo: “rir pra não chorar.”

Ele também gosta de dizer que quer assistir ao sol nascer, ver as águas dos rios correr, ouvir os pássaros cantar e quer nascer, quer viver. Bonito demais o que ele fala.

Sempre ouço o eterno Belchior, com a sua voz única e singular, dizer que é “um rapaz latino-americano sem dinheiro no banco” e que “a felicidade é uma arma quente” — em alusão à música de John Lennon Happiness Is a Warm Gun.

Ouço malucos também, como Chorão, do Charlie Brown Jr. Gosto quando ele diz que “o homem em paz não quer guerra com ninguém, mas só os loucos sabem.” Isso marca minhas caminhadas à serra, principalmente as noturnas.

Sem sair dessa loucura, preciso falar que ouço muito a voz do eterno maluco beleza, Raul Seixas. Ele sempre diz que prefere ser “uma metamorfose ambulante” do que ter “aquela velha opinião formada sobre tudo.” Às vezes ele grita por uma sociedade alternativa e manda eu olhar um trem que, segundo ele, “vem sempre surgindo de trás da montanha.” Eu olho sempre — afinal, adoro subir montanhas.

Elis Regina, a eterna Pimentinha, é daquelas que sempre me dá conselhos do tipo: “Cuidado, meu bem, há perigo na esquina; eles venceram, e o sinal está fechado pra nós, que somos jovens.” Queria poder dizer que os tempos são outros e já não sou aquele jovem sonhador de outrora.

O eterno Vinícius de Moraes, o mais baiano dos cariocas sempre diz: eu sei que vou te amar, por toda a minha vida eu vou te amar, em cada despedida eu vou te amar, desesperadamente eu sei que vou te amar. Quando você imagina que nada mais belo pode ser dito por ele, o cara finaliza dizendo, que seja eterno enquanto dure o amor.

E o nosso maestro Tom Jobim, mesmo em outra dimensão, continua dizendo coisas belíssimas que sempre marcaram a minha vida. Ouço-o sempre cantar: “São as águas de março fechando o verão, é a promessa de vida no teu coração. É pau, é pedra, é o fim do caminho, é um resto de toco, é um pouco sozinho”. Lembro de momentos da minha infância sempre que ouço essa canção!

Às vezes, quando estou sozinho, ouço Tim Maia dizendo: “Você é mais do que sei, é mais do que pensei, é mais do que esperava, baby. Você é algo assim, é tudo para mim, é como eu sonhava, baby.” Sempre que dá eu digo isso para minha esposa, mesmo ela sabendo que tal palavras não são da minha autoria.

Cazuza ainda grita: “Brasil, mostra tua cara! Quero ver quem paga para a gente ficar assim... Brasil, qual é o teu negócio, qual é o nome do teu sócio? Confia em mim.” Enquanto isso, o eterno Renato Russo continua repetindo entre pais e filhos, que é preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã — porque, se você parar para pensar, na verdade não há.

São muitas outras vozes que não estão mais aqui entre nós, mas que eu ouço sempre, como Rita Lee, Cássia Eller, Emílio Santiago, Gonzaguinha, Luiz Gonzaga, Dorival e Nana Caymmi, Gal Costa, Erasmo Carlos e tantos outros saudosos cantores brasileiros que, mesmo em outra dimensão, deixaram seu legado para alegrar o nosso dia a dia.


Arnold Coelho

Vida longa à boa MPB

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