O autor da carta aos judeus
convertidos a Cristo (hebreus) aconselha: “Não deixando a nossa congregação,
como é costume de alguns, antes admoestando-nos uns aos outros; e tanto mais,
quanto vedes que se vai aproximando aquele dia” (Hebreus 10.25).
Uma leitura superficial e
desatenta do texto, pode levar o leitor a entender que o crente não deve
abandonar a denominação ou o lugar (prédio) onde congregam. De fato, é
exatamente isso que os muitos religiosos entendem. Mas, na época em que a carta
foi escrita não haviam denominações, cada uma com seus templos e nomenclaturas.
Havia uma igreja, formada inicialmente de judeus e que era perseguida por falar
no Nome de Jesus. Por isso, estes viviam fugindo e se escondendo dos seus
algozes. Não possuíam bens, casas e muito menos um lugar fixo para se reunirem
em Nome de Jesus. Então, o que significava “não abandonar a nossa
congregação?”.
A palavra congregação é citada
343 vezes em toda a bíblia, de acordo com a versão Almeida Corrigida Fiel
(ACF). Só no Antigo testamento quando nem igreja havia, a palavra congregação é
citada 340 vezes. E, no Novo Testamento onde nasceu a igreja, a palavra é
mencionada somente 3 (três) vezes. Então, a palavra congregação na bíblia não
remete a lugar e/ou espaço físico, mas a pessoas reunidas, da mesma forma que a
palavra igreja no Novo Testamento se refere a pessoas reunidas em o Nome de
Jesus, independente do lugar onde se reúnam ou estejam. A seguir, vou colocar
alguns textos do antigo testamento que corroboram essa verdade:
"Falai a toda a congregação
de Israel, dizendo: Aos dez deste mês tome cada um para si um cordeiro, segundo
as casas dos pais, um cordeiro para cada família." (Êxodo 12.3). É importante salientar que
neste tempo nem tabernáculo existia, pois este só foi fabricado a partir do
capitulo 25 de Êxodo.
"E toda a congregação dos
filhos de Israel murmurou contra Moisés e contra Arão no deserto." (Êxodo 16.2). Aqui fica bem claro que a
congregação era o povo.
Mas, quando o tabernáculo foi
construído, este foi chamado de TENDA DA CONGREGAÇÃO (Êxodo 27.21). Mas não era
permitido o povo entrar nele para adorar a Deus. Somente os da tribo de Levi
tinham permissão para entrar no tabernáculo e os que não fossem levitas
morreriam (Números 18.7). O mesmo era no templo que substituiu o tabernáculo,
onde nem mesmo Jesus pode entrar. O máximo que Jesus ia era no pátio do templo,
onde o povo se aglomerava. Jesus ia ali para ensinar, curar e libertar as
pessoas, mas quando precisava orar, se dirigia ao monte das Oliveiras.
Assim, o conselho do autor aos
hebreus em 10.25 era referente a crentes que estavam desistindo da caminhada
cristã e voltando aos velhos rudimentos da lei, negligenciando a graça
salvadora. Estes, corriam um grave perigo de se perderem eternamente, pois
voluntariamente estavam abandonando a comunhão da congregação (povo/igreja) e
servindo de tropeço, pisando o Filho de Deus e profanando o sangue da aliança
que no madeiro foi derramado e fazendo agravo ao Espírito Santo, como diz os
versos 28,29: “Quebrantando alguém a lei de Moisés, morre sem misericórdia, só
pela palavra de duas ou três testemunhas. De quanto maior castigo cuidais vós,
será julgado merecedor aquele que pisar o Filho de Deus, e tiver por profano o
sangue da aliança com que foi santificado, e fizer agravo ao Espírito da
graça?” (Hebreus 10.28,29)
Reginaldo Barbosa.
Santa
Bárbara do Pará
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