Ibicaraí, como boa parte dos 5.570 municípios brasileiros,
tem um lixão. O nosso ainda tem um agravante, pois está às margens do Rio
Salgado, e faz parte dos quase 3 mil lixões ativos no país. A Bahia tem em
torno de 300 em situação irregular - apesar da Política Nacional de Resíduos
Sólidos (Lei 12.305/10) que a princípio determinou a eliminação desses lixões
até 2014 e mudou a data para 2018 e depois para 2021. Pelo andar da carruagem
em breve teremos uma nova data.
O lixo é um problema de ordem mundial, pois com relação ao
planeta não existe ‘jogar lixo fora’. Nosso planeta na verdade é uma grande
lixeira que só enche. Nossa população mundial só cresce e o consumo só aumenta.
Boa parte dos países europeus sofrem com esse problema e muitos direcionam (de forma
camuflada) parte do lixo eletrônico para alguns países do continente africano,
que tende a virar (em um futuro próximo) o grande lixão do planeta.
Segundo um relatório da Associação Brasileira de Empresas de
Limpeza Pública e Resíduos Especiais (Abrelpe), cada indivíduo no Brasil produz
378kg de resíduos no ano, e só em 2018 foram gerados cerca de 79 milhões de
toneladas de resíduos sólidos urbanos, sendo que desse montante 92% foram
coletados e grande parte jogados inadequadamente em lixões.
De acordo com o biólogo e diretor técnico da Oriens, Saulo
Araújo, a vinda de um aterro sanitário para Ibicaraí é de suma importância e a
implantação da coleta seletiva através de uma associação de catadores e a
participação da comunidade diminuiria pela metade as mais de 20 toneladas
diárias de lixo produzidos pela população de Ibicaraí.
A coleta seletiva pode ajudar no processo de reciclagem de
quase metade do lixo produzido na cidade, além de reduzir o impacto ambiental.
O lixo também produz impacto social e econômico, pois a coleta sendo feita de
forma ordenada pode gerar emprego e renda para o catador. “Cada habitante em
Ibicaraí joga no lixo cerca de R$ 6,00 por mês em materiais recicláveis, o que
poderia custear a associação dos catadores, sem precisar do apoio financeiro do
poder público. Com a coleta seletiva, esse valor pode triplicar", disse o
biólogo.
Em Ibicaraí a questão do resíduo sólido tem caminhado em
duas frentes e acredito que esteja um passo a frente da maioria dos pequenos
municípios baianos. O município foi um dos 50 contemplados com o Plano
Municipal de Saneamento Básico (PMSB), que foi feito pela prefeitura em
parceria com a FUNASA. Paralelo a esse plano a atual gestão contratou o biólogo
Saulo Araújo, que fez o Plano Municipal de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos
(PMGIRS).
Com esses dois planos em mãos, mais a associação de
catadores funcionando plenamente e recebendo o suporte técnico do CAACI, e com
a ajuda da FUNASA e o Consórcio de Desenvolvimento Sustentável Litoral Sul
(CDS-LS), através da AMURC, o próximo passo do gestor será galgar recursos
junto ao Governo Federal para implantar o tão sonhado Aterro Sanitário em
Ibicaraí.
Vale lembrar que o processo não é simples e já dura alguns
anos e algumas etapas já foram vencidas. Outro ponto em questão é que esse
futuro aterro deverá contemplar outras cidades (Itapé, Barro Preto e Floresta
Azul), que fazem parte do CDS-LS, juntamente com Ibicaraí.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística (IBGE), mais da metade dos municípios brasileiros ainda não contam
com o PMSB, o que mostra que estamos sim um passo a frente de muitos municípios
brasileiros e boa parte dos municípios baianos.
O que precisamos fazer para que esses dois planos saiam do
papel e virem realidade?
É simples! Cobrem dos seus candidatos ao Executivo e ao
Legislativo municipal uma posição concreta sobre o assunto. O tão sonhado
aterro vai acontecer se você quiser e cobrar. Mas faça a cobrança de forma
coerente, sem politicagem, com consciência e a vontade de ver um dia o lixão de
Ibicaraí sair das margens do Rio Salgado, indo em forma de um aterro sanitário
para um local adequado, tendo catadores qualificados ganhando o seu sustento de
forma digna através da associação e de uma coleta seletiva que funcione e
transforme lixo em dinheiro.
Podemos ser exemplo para a região cacaueira, fazendo esses
dois planos saírem do papel e conseguindo através dos poderes Executivo e
Legislativo uma política ambiental séria e comprometida com o cidadão
ibicaraiense. Para isso basta que você peça coletivamente. Peça pela cidade.
Cobre uma solução para o nosso lixo. É importante também que a população se
prepare para em um futuro próximo aprender a separar o seu lixo. A coleta
seletiva começa em casa. A solução pode estar próxima. Só depende de nós!
Arnold Coelho
Um dos mais de 23 mil moradores
Que produzem lixo em Ibicaraí
--
Arnold Coelho
arnoldcoelho@gmail.com
9123-2417
8182-2628
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