Muito de nós já vimos imagens das
crianças etíopes com fome, com barrigas inchadas e olhos cobertos com moscas. O
que poucos sabem é que elas foram vítimas inocentes do Derg, um grupo de
militares marxistas que tomou o poder na Etiópia e usou a fome para chantagear
partes rebeldes do país.
Entre 1983 e 1985, mais de 400
mil pessoas morreram de fome. Em 1984, o Derg utilizou 46% do PIB para gastos
militares, criando o maior exército da África. Em contraste, o gasto com saúde
diminuiu de 6% do PIB em 1973 para 3% em 1990.
Previsivelmente, o Derg culpou a
seca pela fome, mesmo com a escassez de alimentos tendo sido precedida por
meses de chuva. Em 1991, o Derg foi derrubado e seu líder, Mengistu Haile
Mariam, escapou para o Zimbabwe, onde mora sob proteção do governo e dos
pagadores de impostos até hoje.
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Consumo de quilocalorias por
pessoa, 1961-2013. Fonte: Banco Mundial
Falando em Zimbabwe, em 1999,
Robert Mugabe, o ditador marxista que assumiu o poder há 35 anos, criou um
catastrófico programa de reforma agrária que tinha como objetivo estatizar
fazendas privadas e expulsar fazendeiros e empresários não-africanos. O
resultado foi um colapso na produção agrícola, a segunda maior hiperinflação já
registrada no mundo – 89,700,000,000,000,000,000,000% por ano (sim, 89,7
sextilhões) – e 94% do país sem emprego.
Milhares de zimbabweanos morreram
de fome e doenças, apesar da massiva ajuda internacional. Como no caso da
Etiópia, o governo do Zimbabwe culpou o clima, roubou grande parte do dinheiro
da ajuda internacional e negou alimentos e medicamentos aos seus adversários
políticos.
A tabela abaixo mostra que seis
das dez piores matanças por fome no Século XX aconteceram em países
socialistas. Além disso, Nigéria, Somália e Bangladesh tiveram escassez de
alimentos como resultado de sucessivas guerras e má gestão estatal.
20th-century-famines
Maiores matanças do Século XX por
fome, em proporção da população. Fontes: Zycher and Daley (1989); US Bureau of
the Census; World Bank; populstat.info; Institute of Development Studies.
Hoje não há um único caso de fome
em massa em andamento no mundo – nem mesmo em locais devastados pela guerra
como a Síria, e por quatro motivos. Primeiramente, o nível produção agrícola
está mais alto do que nunca, o que fez os preços caírem: entre 1960 e 2015, a
população mundial aumentou 143% enquanto o preço dos alimentos diminuiu 22%.
Além disso, as pessoas têm mais renda e podem comprar mais comida: nos últimos
55 anos, a renda per capita média mundial aumentou 163%. Houve também
desenvolvimento maciço dos transportes e das comunicações, o que tornou
possível entregar ajuda alimentária em qualquer parte do mundo de forma
relativamente rápida. E, por fim, a globalização e o comércio garantem que os
alimentos possam ser adquiridos por qualquer pessoa e em qualquer lugar.
A África foi a principal
beneficiária desse desenvolvimento, Em 1961, cada africano consumia, em média,
1993 quilocalorias por dia. Em 2011, último ano que o Banco Mundial forneceu os
dados do continente, o consumo de cada africano era de 2618 quilocalorias.
Globalmente, o consumo aumentou de 2196 para 2870 quilocalorias ao dia. Na
Etiópia não foi diferente. Dois anos depois da deposição do Derg, cada etíope
consuma 1508 quilocalorias por dia e, em 2013, o consumo por etíope já estava
em 2131 quilocalorias por dia.
O Zimbabwe, que ainda sofre com
um ditador socialista marxista, não teve a mesma sorte. Em 1961, cada
zimbabuano consumia 2115 quilocalorias por dia e, em 2013 – 52 anos depois –
esse consumo se manteve praticamente o mesmo (2110 quilocalorias por dia).
Onde quer que tenha sido
instalado, da União Soviética até a Venezuela, o socialismo falhou. O
socialismo é a fábula que promete igualdade e abundância para trazer tirania e
fome.
Tradução: Rafael Cury; Revisão:
Marcelo Faria
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