Ele diz que decidiu deixar a vida
pública e se dedicar à carreira acadêmica no exterior devido a ameaças
recebidas no país.
São Paulo – Jean Wyllys, eleito pela
terceira vez consecutiva deputado federal pelo PSOL do Rio de Janeiro, decidiu
não assumir o mandato. Ele está fora do Brasil em férias, em um local não
revelado, e não pretende voltar.
A decisão foi divulgada em
entrevista exclusiva para o jornal Folha de São Paulo publicada nesta quinta:
“Preservar a vida ameaçada é também uma estratégia da luta por dias melhores.
Fizemos muito pelo bem comum. E faremos muito mais quando chegar o novo tempo,
não importa que façamos por outros meios! Obrigado a todas e todos vocês, de
todo coração. Axé!”
Wyllys diz que decidiu deixar a
vida pública e se dedicar a retomar sua carreira acadêmica devido a ameaças
recebidas no país.
Eleito pela primeira vez em 2010,
foi o primeiro parlamentar assumidamente homossexual a levantar pautas da
comunidade LGBT no Legislativo.
O parlamentar era alvo frequente
de notícias falsas. Recentemente, a Justiça condenou Alexandre Frota, deputado
federal eleito pelo PSL, a prestação de serviços e multa por ter associado
Wyllys a uma defesa da pedofilia que ele jamais fez.
Desde o assassinato de Marielle
Franco, sua companheira de partido, em março do ano passado, Wyllys vive sob
escolta policial: “Eu não quero ser mártir. Eu quero viver.”
Ele diz que outro ponto que pesou
foram as revelações recentes de que familiares do ex-PM suspeito de chefiar
milícia investigada pela morte de Marielle e que está foragido trabalharam no
gabinete do senador eleito Flávio Bolsonaro quando ele era deputado estadual
pelo Rio de Janeiro.
“Me apavora saber que o filho do
presidente contratou no seu gabinete a esposa e a mãe do sicário”, diz Wyllys.
“O presidente que sempre me difamou, que sempre me insultou de maneira aberta,
que sempre utilizou de homofobia contra mim. Esse ambiente não é seguro para mim”.
Wyllys era professor
universitário e escritor e ganhou projeção nacional ao vencer a quinta edição
do programa Big Brother em 2005.
O seu suplente, que deve assumir
o mandato no seu lugar, é o vereador carioca David Miranda (PSOL-RJ), que
também é homossexual.
Fonte; EXAME
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