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18 de outubro de 2017

Capoeira gospel cresce no Brasil e gera tensão com movimento negro e líderes de religiões afro17 de outubro de 2017.


O crescimento da capoeira gospel no Brasil estaria causando um ponto de tensão com setores do movimento negro com ligação com as tradições das religiões afro-brasileiras.
A rede britânica BBC produziu uma matéria com o grupo organizador do “1º Encontro Cristão de Capoeira do Gama”, no Distrito Federal, e encontrou mais de 200 participantes, que substituíam os cantos de exaltação a orixás pelo louvor a Jesus Cristo: “Não deixa seu barco virar, não deixa a maré te levar, acredite no Senhor, só ele é quem pode salvar”, entoavam.
A jornalista Mariana Schreiber, responsável pela reportagem, afirma que a capoeira gospel é uma “vertente que ganha cada vez mais adeptos no Brasil, principalmente por meio da palavra e do gingado de antigos mestres que se converteram à religião”.

O evangelista que organizou o evento confirma que o esporte é usado como ferramenta de aproximação a pessoas que não eram alcançadas por outros meios: “Hoje é difícil você ir numa roda que não tenha um [capoeirista evangélico], e vários capoeiristas viraram pastores. É um instrumento lindo de evangelização porque é alegre, descontraído, traz saúde, benefícios sociais”, afirma Elto de Brito, seguidor da Igreja Cristã Evangélica do Brasil.
Outro que confirma a iniciativa é o mestre “Suíno”, que pratica capoeira há 40 anos e se converteu ao Evangelho há 25. Hoje é o líder do movimento Capoeiristas de Cristo, que conta com cinco mil integrantes no Brasil e há 13 anos realiza encontros Brasil afora.
“Há um cuidado para não chocar com as visões da igreja. Cuidado com a roupa, com o linguajar, com as músicas, mas que não necessariamente tem que ser só música que fala de evangelho, de Deus”, explicou.

Choque
Os capoeiristas tradicionalistas e o movimento negro, no entanto, não aprovam a existência de grupos de capoeira gospel, pois consideram essas iniciativas uma “apropriação cultural” e uma forma de apagar as tradições afro-brasileiras e o símbolo de resistência dos escravos no século XVIII.
O Colegiado Setorial de Cultura Afrobrasileira, que faz parte do Conselho Nacional de Políticas Culturais do Ministério da Cultura, chegou a divulgar em maio a “Carta de repúdio à ‘capoeira gospel’ e à expropriação das expressões culturais afrobrasileiras”.
Dentre os principais pontos de queixa, os representantes do movimento negro alegam que os praticantes da capoeira gospel adotam discurso de demonização contra a capoeira tradicional e as religiões do candomblé e da umbanda.

Os representantes da capoeira tradicional reconhecem que seguidores de qualquer religião podem praticar capoeira, mas querem “respeito” à tradição do esporte. “Temos lutado contra o racismo em suas diversas e perversas manifestações. A demonização perpetrada por pastores, mestres ou professores de ‘capoeira gospel’, ensinando o ódio e a intolerância contra as raízes da capoeira e contra seus praticantes não evangélicos, é um crime de ódio que fere a liberdade e a dignidade humana”, protestam.

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