A Polícia Federal deflagrou na manhã desta sexta-feira (1º) a Operação
Sépsis, uma nova etapa da Operação Lava Jato. Um dos alvos foi o doleiro Lúcio
Funaro, preso em São Paulo. Segundo delatores da Lava Jato, ele é ligado ao
presidente afastado da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ).
Ao todo foram cumpridos 19 mandados de busca e apreensão e um de prisão
preventiva em São Paulo, Rio de Janeiro, Pernambuco e Distrito Federal. Os
mandados desta etapa da operação foram autorizados pelo ministro Teori
Zavascki, relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), a pedido da
Procuradoria-Geral da República (PGR).
A operação teve como base delações do ex-vice-presidente de Fundos de
Governo e Loterias da Caixa Econômica Federal, Fábio Cleto, e de Nelson Mello,
ex-diretor da empresa Hypermarcas (leia outras informações mais abaixo).
Lúcio Funaro em depoimento à CPI dos Correios, em 2006 (Foto: Dida
Sampaio/Estadão Conteúdo)
Lúcio Funaro, em 2006, em depoimento à CPI dos
Veja os principais alvos da operação:
- Lúcio Funaro, doleiro que, segundo delatores, é ligado a Eduardo
Cunha
- Joesley Batista, um dos sócios do grupo J&F
- Eldorado, braço de celulose da J&F Investimentos (a J&F
Investimento é dona da JBS e é de propriedade da famíla Batista)
- Milton Lira, lobista
- Cone Multimodal, empresa de infraestrutura industrial e logística
multimodal
- Henrique Constantino, empresário
Mandados
Um dos mandados de busca e apreensão foi cumprido em uma unidade, em
São Paulo, da Eldorado, braço de celulose da J&F Investimentos, grupo dono
da JBS e comandado pela famíla Batista. A JBS é dona da Friboi.
A casa de Joesley Batista, presidente do conselho de administração da
JBS e diretor-presidente da J&F, também foi alvo de buscas.
Outro alvo de busca e apreensão da Sépsis foi a casa do empresário
Henrique Constantino, em São Paulo.
A Polícia Federal cumpriu ainda um mandado de busca e apreensão em uma
casa de Vargem Grande do Sul, cidade do interior de São Paulo onde Lúcio Funaro
tem família. Não há detalhes do que foi levado da residência.
Em Brasília, a polícia fez busca e apreensão na casa do lobista Milton
Lira.
Em Pernambuco, os alvos das buscas foram a Cone Multimodal, que tem o
Fundo de Investimentos do FGTS (FI-FGTS) como um dos sócios, e os imóveis dos
empresários Marcos José Roberto Moura Dubeaux e Marcos Roberto Bezerra de Melo
Moura Dubeaux, pai e filho. O primeiro é presidente da Moura Dubeux, que já foi
sócia da Cone. O segundo é o presidente da Cone. Na casa de Marcos José Moura
Dubeux, os agentes federais encontraram 30 mil euros e US$ 53 mil. Também foi
recolhido um notebook.
No estado de São Paulo, além da prisão, houve 12 buscas e apreensões.
No Distrito Federal, foram duas buscas e apreensões, assim como no Rio de
Janeiro. No Recife, houve três mandados de busca e apreensão.
Delações motivaram operação
A ação na manhã desta sexta se baseia nas informações da delação
premiada de Fábio Cleto, ex-vice-presidente de Fundos de Governo e Loterias da
Caixa Econômica Federal e que também seria aliado de Eduardo Cunha.
No mês passado, Cunha afirmou que deu apoio à indicação de Cleto pela
bancada do PMDB do Rio de Janeiro,. Em dezembro do ano passado, Cleto foi
exonerado da Caixa por determinação da atualmente presidente afastada Dilma
Rousseff.
Às autoridades, Fábio Cleto relatou que o presidente afastado da Câmara
recebeu propina por negócios feitos pelo Fundo de Investimentos do FGTS
(FI-FGTS).
Por meio de nota divulgada pela assessoria Cunha negou ter cometido
irregularidades.
"Desconheço a delação, desminto os fatos divulgados, não recebi
qualquer vantagem indevida, desafio a provar e, se ele cometeu qualquer
irregularidade, que responda por ela", afirmou o presidente afastado da
Câmara.
Sobre a suposta relação com o doleiro Lúcio Funaro, preso nesta sexta,
a assessoria de Eduardo Cunha informou que ele não se manifestará.
Outra delação que baseou as ações desta sexta é a de Nelson Mello,
ex-diretor da empresa Hypermarcas.
Versões dos envolvidos
Até a última atualização desta reportagem, o G1 não tinha conseguido
contato com as defesas de Lucio Bolonha Funaro e de Henrique Constantino.
A JBS divulgou um comunicado aos acionistas no qual afirma que a
companhia e seus executivos não são alvo da operação da polícia.
"A JBS comunica a seus acionistas e ao mercado em geral que, em
relação às notícias veiculadas na data de hoje pela imprensa, a Companhia, bem
como seus executivos, não é alvo e não está relacionada com a operação da
Polícia Federal ocorrida na manhã de hoje", afirmou o comunicado.
Em nota, a Eldorado confirmou buscas da PF na sede da empresa em São
Paulo, mas informou desconhecer as razões.
"A Eldorado confirma que a Polícia Federal realizou busca e
apreensão em suas dependências em São Paulo na manhã de hoje. A companhia
desconhece as razões e o objetivo desta ação e prestou todas as informações
solicitadas. A Eldorado sempre atuou de forma transparente e todas as suas
atividades são realizadas dentro da legalidade. A companhia se mantém à
disposição para prestar quaisquer esclarecimentos adicionais", diz o
texto.
Em nota, enviada em nome dos empresários Marcos José Roberto Moura
Dubeaux e Marcos Roberto Bezerra de Melo Moura Dubeaux, a Cone S/A informou que
só vai se manifestar quando tiver conhecimento de todo o conteúdo da denúncia e
que está à disposição das autoridades.
G1
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