Brasileiro faz luta estratégica, domina americano no UFC 200, leva
título interino dos pesos-penas e provoca Conor McGregor: "Só tenho um
objetivo: vencer este m***"
José Aldo foi o único campeão brasileiro no UFC entre maio de 2014,
quando Renan Barão foi destronado no peso-galo, e março de 2015, quando Rafael
dos Anjos conquistou o título do peso-leve. Nada mais justo, então, que o
lutador manauara fosse o homem a recuperar um cinturão - ainda que interino -
para o Brasil, dois dias após Dos Anjos perder o seu para Eddie Alvarez. O
lutador da Nova União venceu o americano Frankie Edgar por decisão unânime
(49-46, 49-46, 48-47) neste sábado, no card principal do UFC 200, em Las Vegas
(EUA), para conquistar o título interino dos pesos-penas e uma revanche contra
o irlandês Conor McGregor, atual campeão linear da categoria e responsável pela
traumática perda do cinturão em dezembro do ano passado.
O "Notório" assistiu de pé, ao lado do octógono, à atuação do
brasileiro, que voltou a lutar como acostumou seus fãs durante seu reinado no
peso-pena: de forma estratégica, no controle da distância e certeiro nos
contragolpes. Basicamente, foi José Aldo novamente, em vez do lutador ávido
para atacar o adversário rapidamente que foi no fatídico nocaute sofrido em 13s
contra McGregor. Com a confiança recuperada pela atuação dominante, Aldo não
perdeu a oportunidade de provocar o arquirrival ao final da luta.
- Confio nele, amo ele. Frankie é um grande adversário, tem um
wrestling muito bom, eu o respeito. Mas eu só tenho um objetivo: é vencer este
m***. Ele não vai ter a mesma sorte que teve da outra vez - disse José Aldo. O
irlandês, de seu assento, fez cara de não ter se impressionado muito e pareceu
aberto à revanche contra o brasileiro.
Aldo começou o combate cauteloso, estudando a movimentação de Edgar e
controlando a distância. Aos poucos, o americano foi encontrando o caminho para
golpear, através de chutes baixos. O brasileiro respondeu com boas combinações
em cima, e rechaçou a primeira entrada em queda do adversário. Aldo teve um bom
momento no minuto final, ao conectar um jab e direto. Ele também encaixou uma
joelhada dura, mais um cruzado de esquerda em cheio que levou Edgar a
knockdown.
Edgar seguiu ditando o ritmo no segundo round, mas acertava poucos
golpes. Aldo acertou mais uma joelhada numa entrada de queda e saiu da frente
do americano como um toureiro. O supercílio direito de Edgar começou a sangrar
como resultado da joelhada. O americano, contudo, não desacelerou, e acertou
dois bons cruzados de direita. Mesmo assim, Aldo seguia dominando a distância,
e rechaçou mais duas entradas de queda com facilidade. Ambos acertaram bons
cruzados, e o manauara tentou garantir a pontuação do round com mais uma
joelhada voadora e uma chuva de jabs nos segundos finais.
A luta prosseguia, mas Edgar parecia ficar mais rápido. Ele começou o
terceiro round acertando bons jabs e cruzados, e ficou ainda mais incisivo nas
entradas de queda. Aldo defendeu e se manteve em pé, mas rapidamente se viu em
desvantagem no período. Uma combinação de jab e direto de Edgar balançou o
brasileiro, que no entanto circulou bem e evitou que o americano aproveitasse o
bom momento. Aldo encontrou espaço para um diretaço de direita, e Edgar
respondeu com um cruzado. Logo o americano estava buscando derrubar de novo, e
levou outra joelhada no rosto. Aldo ainda acertou uma joelhada e um chute baixo
no final do assalto.
Instruído pelo técnico Dedé Pederneiras, José Aldo voltou a se
movimentar bem no quarto round, dificultando que Edgar o encontrasse com seus
jabs. O americano passou a fintar ataques nas pernas para socar em cima e
chutar baixo. A estratégia funcionou, e o ex-campeão dos leves passou a golpear
mais. Aldo, porém, acertou um bom cruzado de direita, e seu córner, sentindo a
virada de momento, o incentivou a "pegar agora". O brasileiro acertou
boas combinações e deixou o rosto do americano bem marcado, sangrando dos dois
lados. Seu segundo knockdown da noite veio com um jab quando o adversário
tentava um chute à meia altura.
No intervalo, Dedé ordenou: "Dois chutes nessa p*** dessa perna
dele". Aldo obedeceu imediatamente e abriu o round final com um chute
baixo. Ele seguiu a ação com uma série de jabs e voltou a controlar a
distância. Um cruzado de esquerda balançou Edgar, e o manauara ganhou
confiança. Soltou chute alto, acertou mais cruzados, tentou um upper.
Confortável na liderança, Aldo passou a administrar o combate, apenas
contragolpeando, até faltar cerca de 1m30s, quando seus córneres passaram a
incentivá-lo a acelerar. Ele bambeou o americano com uma joelhada, mas o
lutador da Nova União não se arriscou: apenas se movimentou e evitou sofrer um
golpe de surpresa que pudesse nocauteá-lo. Quando a sirene soou, o brasileiro
comemorou, com a certeza que voltaria a ter um cinturão na cintura novamente.
Ao ser entrevistado após a vitória, Aldo dedicou o triunfo a Dedé.
- Não luto pelo UFC, luto pelo meu técnico. Este cara é tudo, ele é meu
pai. Perdi meu pai, mas ganhei ele. Eu não fiz nada, foi ele quem fez -
comentou o lutador, que abraçou o técnico com a expressão emocionada.
Resultados completos do UFC 200:
CARD PRINCIPAL
Amanda Nunes venceu Miesha Tate por finalização aos 3m16s do R1
Brock Lesnar venceu Mark Hunt por decisão unânime (triplo 29-27)
Daniel Cormier venceu Anderson Silva por decisão unânime (triplo 30-26)
José Aldo venceu Frankie Edgar por decisão unânime (49-46, 49-46,
48-47)
Cain Velásquez venceu Travis Browne por nocaute técnico aos 4m57s do R1
CARD PRELIMINAR
Julianna Peña venceu Cat Zingano por decisão unânime (triplo 29-28)
Johny Hendricks venceu Kelvin Gastelum por decisão unânime (29-28,
30-27, 30-27)
TJ Dillashaw venceu Raphael Assunção por decisão unânime (triplo 30-27)
Sage Northcutt venceu Enrique Marin por decisão unânime (triplo 29-28)
Joe Lauzon venceu Diego Sanchez por nocaute técnico a 1m26s do R1
Gegard Mousasi venceu Thiago Marreta por nocaute aos 4m32s do R1
Jim Miller venceu Takanori Gomi por nocaute técnico aos 2m18s do R1
Fonte; combate.com
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