Ainda na época da colonização, a Vila de São Jorge chegou a ser a mais
próspera e rica de todo o Brasil.
A história de Ilhéus, que completa 482 anos nesta terça-feira, 28, é
tão antiga quanto a do Brasil, embora muita gente pense que sua trajetória se
limite ao ciclo do cacau, que impulsionou a autonomia política do Município.
Logo após o descobrimento do Brasil, em 1500, o rei de Portugal, Dom João III,
resolveu dividir a colônia em Capitanias Hereditárias, com o objetivo de
povoá-la mais rapidamente. A Capitania de São Jorge dos Ilhéus, como viria a
ser chamada, foi doada ao fidalgo português Jorge de Figueiredo Correia, em
1534, através de Carta Régia registrada em Évora.
Segundo a carta de doação, a Capitania ficava “quase no meio do
continente brasileiro”. Com 50 léguas, sentido norte-sul, começava na ilha de
Tinharé, vizinha à ilha de Itaparica, até a ilha de Comandatuba, no limite da
Capitania de Porto Seguro; no sentido leste-oeste, “entrando na mesma largura
pelo sertão e terra firme adentro tanto quanto puderem entrar”, a primeira
geografia de Ilhéus incluía a região de Brasília, hoje Capital Federal.
O donatário Jorge Figueiredo Corrêa nunca esteve em suas terras. Mandou
em seu lugar o capitão-mor espanhol Francisco Romero para administrar o
território e uma das primeiras vilas da história do Brasil. A caravana de
Romero, com os primeiros colonos, chegou à Capitania em 1535, atracando
inicialmente em Morro de São Paulo, e transferindo-se em seguida para Ilhéus. A
cidade foi fundada no Outeiro de São Sebastião, em frente à Baía do Pontal,
onde está localizado o marco de fundação.
A vila recebeu o nome de São Jorge dos Ilhéus em homenagem ao donatário
da Capitania, que era devoto de São Jorge, escolhido como santo padroeiro da
cidade. Os primeiros anos de colonização foram marcados por intenso conflito
com os índios tupiniquins e aimorés. De Portugal, o donatário procurava
desenvolver a Capitania doando sesmarias a destacadas figuras do reino, que
mandaram instalar engenhos de açúcar a fim de crescer a população e o comércio.
Uma das doações foi feita, em 1537, a Mem de Sá, mais tarde o terceiro
Governador Geral do Brasil, que ganhou a sesmaria do Engenho de Santana, às
margens do Rio Sant’Ana, hoje distrito de Rio de Engenho, que à época muito
prosperou. A Vila de São Jorge chegou a ser a mais próspera e rica de todo o
Brasil. Pelo menos, no governo de Tomé de Souza, Ilhéus era considerado o maior
centro econômico da colônia Brasil.
Mais tarde, o colonizador Francisco Romero entrou em luta contra os
colonos, que se amotinaram, prenderam-no e o deportaram para Portugal. Com a
morte do donatário Jorge Figueiredo Correa, em 1551, o filho mais novo,
Jerônimo de Alarcão de Figueiredo, conseguiu licença para vender a capitania a
Lucas Giraldes, que faleceu em 1565, deixando-a com o filho Francisco Giraldes,
que, em 1588, foi nomeado Governador do Brasil, morrendo um ano e meio depois.
A partir daí, a Capitania contraiu muitas dívidas, administrada por Maria
Giraldes, filha de Francisco, que a perdeu em 1620. Um período de muitas
dificuldades se sucederam, e em 9 de junho de 1754, Ilhéus passou a ser uma
capitania oficial, voltando a pertencer à Coroa Portuguesa. Em 1760, criou-se a
Comarca de Ilhéus.
A Capitania se desenvolveu através de ciclos econômicos como os de
produção de farinha e de cana de açúcar. Tem-se notícia de que a partir do
início do século XIX, começou um período de forte imigração de europeus e de
sírios e libaneses para Ilhéus. Em 1818, os suíços Pedro Weyll e Saneraker
adquiriram terrenos, e quatro anos depois trouxeram cerca de 161 colonos
alemães para a região. Em 1870, um núcleo de imigrantes do Norte do Brasil foi
fundado à margem do Rio Cachoeira, considerado o embrião da atual cidade de
Itabuna.
Autonomia conquistada a partir do Ciclo do Cacau
Plantado na Bahia em 1746, por Antônio Dias Ribeiro, em Canavieiras, o
cacau iniciou uma era de prosperidade em Ilhéus. A expansão da lavoura
cacaueira se deu na segunda metade do século XIX, e posicionou a Vila de São
Jorge dos Ilhéus como uma das mais importantes da província da Bahia.
Considerada sede de uma região próspera, Ilhéus motivou um movimento na
Assembléia Legislativa Provincial baiana para a sua elevação à categoria de
cidade.
O projeto foi apresentado no dia 4 de junho de 1881, pelo deputado
Cônego Manuel Teodolindo Ferreira, e a lei sancionada pelo conselheiro João
Lustosa da Cunha Paranaguá (Marquês de Paranaguá), no dia 28 de junho do mesmo
ano, data oficial da elevação da Vila à categoria de Cidade. A solenidade de
instalação da cidade ocorreu em 14 de agosto de 1881, na Câmara de Vereadores.
Somente em 1939, o então prefeito Mário Pessoa da Costa e Silva transformou a
data de 28 de junho em feriado municipal.
Com a cultura do cacau em abundância, Ilhéus atraiu imigrantes e
forasteiros, e se consolidou como polo irradiador de desenvolvimento de toda a
Região Sul da Bahia. Tornou-se o maior produtor de cacau, em nível de
município, e influenciou diretamente o surgimento de cidades adjacentes, que
também foram fundamentais para ostatus da lavoura cacaueira no cenário
econômico da Bahia e do Brasil.
No século XX, Ilhéus conquistou obras de infraestrutura como ferrovia,
abertura de estradas, porto, aeroporto, tornando-se sede de representações dos
principais órgãos públicos do Estado e da União, como a Comissão Executiva do
Plano da Lavoura Cacaueira (Ceplac) e o Instituto de Cacau da Bahia (ICB). Por
volta de 1974, a cidade ganhou o Distrito Industrial do Iguape, onde foram
implantadas indústrias processadoras de amêndoas de cacau para fins de
exportação.
Dona de muita beleza natural, de rica história e cenário de inspiração
literária de escritores como Jorge Amado e Adonias Filho, Ilhéus também abriu
as portas para a indústria do turismo, e muitos hotéis e pousadas passaram a
compor a cidade a partir dos anos 80. Na área da educação, a instalação da
Federação das Escolas Superiores de Ilhéus e Itabuna (Fespi), também em 1974,
originou a criação da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), hoje uma
referência no Nordeste na formação de nível superior, com importante produção
científica, somente superada pela Universidade Federal da Bahia.
Em meados dos anos 90, o Distrito Industrial de Ilhéus, cujas
indústrias sofriam os efeitos da crise da lavoura do cacau, ganhou um Polo de
Informática, Eletroeletrônico e de Telecomunicações da Bahia, além de
empreendimentos dos setores alimentício, químico, mármores e granitos, em
virtude de incentivos fiscais concedidos pelos governos do Estado e do
Município.
A crise econômica do cacau se aprofundou drasticamente, provocando
desemprego na zona rural e avançado processo de expansão urbana que geraram
demandas sociais inadiáveis para as cidades do sul da Bahia.
INTENDENTES E PREFEITOS DE ILHÉUS
João Baptista de Sá Oliveira – 1890/1892
Joaquim Ferreira de Paiva – 1892/1896
Ernesto Sá de Bittencourt Câmara – 1896/1904
Domingos Adami de Sá – 1904/1908
João Mangabeira – 1908/1912
Antonio Pessoa da Costa e Silva – 1912/1915
Manoel Misael da Silva Tavares – 1916/1919
Domingos Fernandes da Silva – 1920
Eustáquio de Souza Bastos – 1920/1923
Mário Pessoa da Costa e Silva – 1924/1928
Durval Olivieri – 1928/1930
Eusínio Lavigne – 1930/1937
Raimundo do Amaral Pacheco – 1937/1938
Mário Pessoa da Costa e Silva – 1938/1943
Eunápio Peltier de Queiroz – 1943/1945
Álvaro Melo Vieira – 1946/1948
Artur Leite da Silveira – 1948/1951
Pedro Vilas Boas Catalão – 1951/1955
Herval Soledade – 1955/1959
Henrique W. Cardoso e Silva – 1959/1963
Herval Soledade – 1963/1967
Nerival Rosa Barros – 1967/1969
Afro de Barros Leal Neto – 1969
João Alfredo Amorim de Almeida – 1969/1971
Edmon Darwich – 1971/1973
Ariston Cardoso – 1973/1977
Antônio Olímpio Rhem da Silva – 1977/1983
Jabes Souza Ribeiro – 1983/1988
João Lyrio – 1989/1992
Antonio Olímpio Rhem da Silva – 1993/1996
Jabes Souza Ribeiro – 1997/2000 – 2001/2004
Valderico Reis – 2005/2007
Newton Lima – 2007/2008 – 2008/2012
Jabes Souza Ribeiro – 2013
Secretaria de Comunicação Social – Secom.
Ilhéus, 27.6.16
Fonte; O Sarrafo Ilheus
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