Uma delegação da
Justiça brasileira composta por procuradores da República desembarca na próxima
segunda-feira, 19, na Suíça para buscar novos documentos relacionados com o
escândalo de corrupção da Petrobras e de empresas envolvidas na Operação Lava
Jato. Eles terão acesso a extratos bancários e documentos que revelam o caminho
do dinheiro que seria fruto de propina e que teria sido transferido para contas
no país europeu. Fontes suíças confirmaram à Agência Estado que, entre os
envolvidos, novos nomes e novos depósitos já foram identificados.
Os suíços também darão
aos brasileiros acesso a informações sobre quem teria feito os depósitos e quem
os recebeu. Entre os nomes buscados na investigação estão Fernando Soares,
conhecido como Fernando Baiano, o suposto operador do PMDB, além de
empreiteiras e seus intermediários.
Em novembro de 2014,
uma primeira missão de procuradores viajou até Lausanne para iniciar a
cooperação com os suíços. O acesso aos documentos naquela viagem garantiu,
segundo os procuradores, a descoberta de novas informações sobre como agiam os
suspeitos.
Durante a viagem, os
brasileiros tiveram acesso aos documentos e extratos bancários das contas do
ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa. As informações poderão ser
fundamentais para a Operação Lava Jato. Ficou estabelecido também naquele momento
que o dinheiro de Costa seria repatriado ao Brasil, ainda que a data e o
procedimento não tenham sido fixados.
Orlando Martello, um
dos procuradores que esteve em Lausanne em novembro, confirmou que os
documentos de movimentações de Costa foram fornecidos pelos suíços. Eles
mostram quem fez pagamentos e quem recebeu o dinheiro, cerca de US$ 26 milhões.
Os extratos bancários das contas suíças Costa poderão abrir novas frentes de
investigação sobre o maior escândalo de corrupção no País.
As novas descobertas,
no entanto, não chegaram ao Brasil a tempo de serem incluídas nos primeiras
denúncias apresentadas à Justiça Federal em dezembro, antes do recesso
judiciário. No final do ano passado, a Procuradoria da República no Paraná fez
cinco denúncias contra 39 suspeitos, incluindo executivos de grandes
empreiteiras.
No início do ano, os
suíços iniciaram sua própria investigação e identificaram como as contas
encontradas tinham uma relação direta com refinarias em Pernambuco e nos EUA.
Costa poderá responder a um processo de lavagem de dinheiro na Suíça.
Cinco contas em nome do
ex-executivo da empresa foram encontradas com um total de US$ 26 milhões. Os
recursos voltarão ao Brasil para uma conta que será administrada de forma
conjunta pelo Ministério Público e pelo Supremo Tribunal Federal (STF).
O conteúdo dos
extratos, quem alimentou as contas na Suíça e quem recebeu o dinheiro estão
mantidos sob total sigilo enquanto a delegação brasileira estiver em Lausanne.
O que os suíços fizeram, porém, foi traçar a origem e o percurso do dinheiro, o
que revelou um caminho e envolvidos até agora desconhecidos no Brasil. Na
Suíça, Costa não é o único investigado e a apuração do MP local avalia toda a
rede de pagamentos.
Os documentos foram
liberados pelos bancos suíços por exigência da Justiça, que acumula verdadeiro
dossiê sobre como funciona o pagamento de propinas no Brasil. Algumas das
evidências apontam que as contas e o esquema já funcionam há anos nos bancos
suíços, principalmente em Genebra. (AE)
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