Computadores do Planalto foram usados para editar páginas na
enciclopédia colaborativa Wikipédia em prol da presidente Dilma Rousseff e de
seu ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha, candidato do PT ao governo de São
Paulo. As informações são do jornal Folha de S. Paulo.
A Wikipédia registra todos os endereços de IP de computadores que
realizam alterações em suas páginas. A reportagem do jornal cruzou esses dados
com os endereços de IP registrados em nome do Serviço Federal de Processamento
de Dados (Serpro) e da Presidência da República - e detectou que, entre 2008 e
2014, páginas foram modificadas por onze computadores do governo para inclusão
de elogios e exclusão de críticas a petistas. E também para atacar o
ex-governador de São Paulo José Serra, em 2010, quando o tucano era adversário
de Dilma na corrida ao Palácio do Planalto. Segundo a Folha, as alterações
foram desfeitas por outros usuários da rede, porque feriam as regras de uso da
enciclopédia virtual.
Em 2013, por exemplo, uma conexão de internet da Presidência foi
utilizada para remover da Wikipédia trecho sobre suspeitas de corrupção na
Funasa quando Padilha integrava o órgão. Segundo o jornal, o trecho suprimido
foi o seguinte: "Em maio de 2013, iniciam investigações mediadas pelo
Procurador-geral da República, Roberto Gurgel, por suspeitas de irregularidades
na Funasa em 2004, quando Padilha era diretor de Saúde Indígena do órgão
[...]". O editor aproveitou, ainda, para incluir elogios ao programa Mais
Médicos, uma das principais bandeiras eleitorais de Dilma e Padilha. "Com
o sucesso do Mais Médicos, Padilha se torna um dos pré-candidatos petistas à
disputa pelo governo de São Paulo", diz o texto alterado. O original dizia
apenas: "Padilha é um dos pré-candidatos petistas à disputa pelo governo
de São Paulo, tendo transferido seu título eleitoral de Santarém para São Paulo
em junho de 2013".
Em junho do mesmo ano, em meio a onda de protestos que varreu o país,
endereço de IP do Serpro foi utilizado para alterar a página do Movimento Passe
Livre (MPL) na enciclopédia. O texto colocado dizia que o MPL "se utiliza
de protestos e, não raramente, depredação e violência para alavancar"
reivindicações. Afirmava também que a tarifa zero, uma das bandeiras do grupo,
ignora que "todo aumento de gasto público implica menos orçamento"
para saúde e educação.
Já em 2010, um computador federal foi usado para inserir críticas a
José Serra na página do tucano. O texto incluído dizia que "se eleito
presidente, Serra pretende, como uma de suas metas, acabar com todas as
empresas estatais e sucatear todas as empresas públicas". Procurado pelo
jornal, o Serpro se negou a informar onde tais computadores estão alocados.
Padilha se negou a comentar o assunto.
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