RIO — A Receita Federal
do Rio anunciou, nesta sexta-feira, que abriu investigação para identificar a
origem dos R$ 10 milhões que financiaram o desfile da Beija-Flor de Nilópolis,
campeã do carnaval carioca. Como antecipou o jornalista Ricardo Noblat, a escola
teria recebido patrocínio do ditador Teodoro Obiang — presidente da Guiné
Equatorial que está há 35 anos no poder — para exaltar o país na Marquês de
Sapucaí. Os técnicos da Receita já estão rastreando o repasse dos recursos,
levando em conta duas informações contraditórias: a primeira, de que o dinheiro
foi doado pelo ditador; e a segunda, de que o financiamento partiu, na verdade,
de empreiteiras brasileiras investigadas na operação Lava-Jato, como chegou a
ser informado por um dos carnavalescos da escola.
A doação de R$ 10
milhões para a Beija-Flor — o maior patrocínio já feito para uma escola de
samba carioca — já estava sendo investigada pelo Ministério Público Federal
(MPF) no Rio. Em meio à polêmica, representantes da Guiné Equatorial e
diretores da escola apresentaram várias versões para a origem do dinheiro. Uma
delas dizia que os recursos teriam sido arrecadados por empresas africanas.
VICE-PRESIDENTE
ASSISTIU A DESFILE
O vice-presidente da
Guiné Equatorial, Teodoro Nguema Obiang Mangue, conhecido como Teodorín, de 45
anos, filho do presidente, também é alvo de investigação do Procurador da
República Orlando Monteiro da Cunha desde 2013. Teodorín esteve no Sambódromo
com uma comitiva da Guiné Equatorial para assistir ao desfile da Beija-Flor.
Em procedimento
criminal instaurado pelo MPF para apurar crime de lavagem de dinheiro por parte
de Teodorín, foi possível identificar que o filho do ditador tem imóveis e
veículos de luxo no Brasil. O trabalho da procuradoria do Rio é uma parceria
com a Justiça francesa, que, desde 2011, investiga Teodorín por crimes de
lavagem de dinheiro e evasão de divisas.
Segundo fontes da
Receita Federal, aqui também estão sendo investigados supostos crimes de
sonegação fiscal, evasão de divisa e lavagem de dinheiro.
— Como são
investigações sensíveis e sigilosas, não podemos dar detalhes — disse um
funcionário da Receita.
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A líder do PSDB na
Câmara Municipal, vereadora Teresa Bergher, disse estar colhendo assinaturas
para entrar com pedido de abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI)
para investigar a doação de recursos à escola de samba. Teresa vai também
encaminhar representação ao procurador geral de Justiça, Marfan Vieira, para
que o órgão atue em conjunto com a CPI nas investigações.
A partir dos documentos
de confisco de bens de Teodorín na França e nos Estados Unidos, o procurador da
República pode pedir o sequestro e o arresto dos carros e apartamentos do filho
do ditador e até a prisão dele.
Foi a partir de um
pedido de cooperação da França e dos Estados Unidos, solicitando o confisco de
uma aeronave Gulfstream G-V de Teodorín — comprada, em 2006, por R$ 38 milhões,
supostamente adquirida pela prática de corrupção na Guiné Equatorial —, que a
investigação teve início no Brasil.
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