Você Pergunta: Há
alguns meses entreguei minha vida a Jesus. Eu era católica, mas não lia muito a
Bíblia. Comecei estudar mais a fundo a Bíblia e começaram surgir muitas dúvidas
em minha mente. Uma delas é sobre a afirmação católica de que Maria permaneceu
virgem para sempre. A Bíblia parece dizer o contrário, mas a doutrina católica
afirma isso veementemente. Poderia me explicar essa questão?
Cara leitora, realmente
existe uma doutrina católica que afirma que Maria, mãe de Jesus, permaneceu
virgem antes, durante e depois do parto. (veja esse posicionamento católico
nesse link). Porém, esse posicionamento está mais fundamentado nos dogmas
católicos do que na própria Bíblia Sagrada que, segundo cremos, é a única e
exclusiva revelação de Deus aos homens. Cremos que Cristo nasceu de forma
extraordinária, num nascimento virginal. Mas será que Maria permaneceu virgem
mesmo após o nascimento de Cristo? Vamos recorrer a Bíblia para elucidar essa
questão.
Maria, mãe de Jesus,
permaneceu virgem após ter dado à luz a Cristo?
Dentre vários
argumentos possíveis, vou expor mais detalhadamente um que me parece ser
suficiente para elucidar essa questão: Jesus tinha irmãos que eram filhos de
Maria. Se ele tinha irmãos é impossível que Maria tenha permanecido virgem.
Os católicos argumentam
nesse ponto: “Mas todos sabem que em hebraico o termo “irmão” pode indicar
qualquer parentesco, como sobrinho (Gn 12,5 e 13,8; 29,12.15), tio, primo (1Cr
23,22) e até amigo (Gn 29,4). (Fonte:
http://www.franciscanos.org.br/?page_id=5520)
Qualquer estudioso mais
atento da Bíblia sabe que o Novo Testamento não foi escrito em hebraico,
conforme o argumento católico acima, e sim em grego. Note, por exemplo, o que
está escrito em Mateus 12.46: “Falava ainda Jesus ao povo, e eis que sua mãe e seus
irmãos estavam do lado de fora, procurando falar-lhe.”
Fiz uma pesquisa desse
mesmo texto na tradução Católica da Bíblia Ave Maria e nela está traduzido
assim: “Jesus falava ainda à multidão, quando veio sua mãe e seus irmãos e
esperavam do lado de fora a ocasião de lhe falar.” (Mateus 12.46 – Bíblia Ave
Maria).
Ora, se o argumento é
de que essa menção da palavra “irmãos” se refere a parentes próximos, porque
não traduziram assim? Por que mantiveram a tradução como irmãos?
Simples: Porque realmente
se trata dos irmãos de Jesus, filhos de Maria e José. A palavra grega usada no
texto de Mateus 12.46 para irmãos é “adelphos”. Ela não é usada no Novo
Testamento para designar parentes próximos. Os usos mais frequentes dela são
para designar “um irmão, quer nascido dos mesmos pais ou apenas do mesmo pai ou
da mesma mãe”, “um fiel companheiro, unido ao outro pelo vínculo da afeição”,
“irmãos em Cristo” (Léxico Strong – palavra grega G80).
Já a palavra hebraica
comumente traduzida no Antigo Testamento por “irmão” e que também aceita
tradução para parentes próximos é “’ach”, ou seja, não tem nada a ver com a
palavra utilizada no Novo Testamento, onde estão os textos que falam dos irmãos
de Jesus.
Temos ainda várias
outras menções dos irmãos de Jesus no Novo Testamento. Em um dos textos até o
nome deles são citados. E ainda nos é revelado que Jesus também tinha irmãs:
“Não é este o carpinteiro, filho de Maria, irmão de Tiago, José, Judas e Simão?
E não vivem aqui entre nós suas irmãs?” (Marcos 6.3).
A Bíblia ainda nos
revela que os irmãos de Jesus não creram Nele por algum tempo: “Pois nem mesmo
os seus irmãos criam nele.” (João 7.5).
Mas depois se diz
claramente que os irmãos de Jesus o seguiram após a sua ressurreição: “Todos
estes perseveravam unânimes em oração, com as mulheres, com Maria, mãe de
Jesus, e com os irmãos dele.” (Atos 1.14).
Assim, fica claro que
Maria teve sim outros filhos e não permaneceu virgem após o nascimento de
Cristo. Ela casou-se com José e seguiu normalmente sua vida de casada como
qualquer moça da época.
Creio que essa
argumentação seja suficiente, porém, ainda podemos pensar que Maria e José eram
casados e que em nenhum momento a Bíblia afirma que não tinham uma vida normal
de casados, pelo contrário, diz que Maria era mulher de José (Mateus 1.24). E
sendo mulher de José, após cumprir a missão dada a ela pelo Senhor de dar à luz
ao Cristo, cumpriu seu papel de esposa fielmente, dando a José aquilo que era
de direito dele como esposo. E nisso não houve pecado da parte dela. Eles
seguiram a cultura judaica que via nos vários filhos um sinal da bênção de
Deus. O argumento católico de que Maria teria feito voto de castidade para toda
a vida não pode ser sustentado à luz das Escrituras.
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