Caso ocorreu em Ibicaraí e outros
municípios da região sul do estado. Promessas eram de que jovens jogariam em
grandes clubes do Brasil e do exterior.
Familiares de garotos que sonham
em ser jogador de futebol na cidade de Ibicaraí, no sul da Bahia, denunciaram
um homem que diz ser agenciador de atletas.
Alessandro Nascimento, de 14
anos, é um dos jovens que recebeu a promessa de um homem chamado Cláudio
Moraes, para jogar no Corinthians. Segundo o garoto, que treina pelo menos três
vezes na semana, o agenciador informou que ele precisava pagar R$ 230 pelo
contrato.
"A gente pensou até que
tinha acontecido um acidente com ele, um que aconteceu em Ilhéus, todo mundo
perguntava se era ele que estava no carro. Ele sumiu nesse dia", contou o
garoto.
"Eu tive que arrumar esse
dinheiro, tomar emprestado, porque ele [Alessandro] começou a chorar e falar
que não ia dar certo e eu disse que ia. Aí peguei e tomei [dinheiro] do vizinho
emprestado", disse a mãe de Alessandro, Tatiane Serpa.
Ao todo 14 jogadores receberam
propostas de Cláudio Moraes e cinco deles registraram ocorrência na delegacia
de Ibicaraí.
Célia Santos registrou queixa
após pagar por um contrato para o filho jogar no Gil Vicente, clube que disputa
a primeira divisão de Portugal.
"Sempre foi o sonho dele
[filho] jogar muito longe. Eu perdi R$ 600", lembrou.
Segundo os familiares, Claudio
Moraes negociava os preços através de áudios e vídeos enviados pelo WhatsApp. O
treinador de futebol Anderson Lima foi a pessoa que manteve contato com Cláudio
Moraes nos últimos dois meses.
De acordo com Anderson, os
valores pagos pelos pais dos jogadores variaram entre R$ 200 e R$ 2 mil por
atleta. Meninos de outras seis cidades da região também caíram no golpe.
"As cidades que foram
atingidas por esse golpe foram Ibicaraí, Itororó, Almadina, Itabuna, Ubatã,
Ilhéus, Itapé e Itacaré. Dentro dessas cidades que eu citei são aonde eu tenho
o meu trabalho regional conhecido, não só em Ibicaraí, mas em boa parte da
região, foi aonde eu tive o contato dos alunos e que eu fui tentar levar
oportunidades, sonhos oficiais para eles, mas chegou alguém para estragar esse
sonho", lamentou o treinador.
Além dos valores cobrados para
levar os jogadores até os times, o agenciador também pediu aos pais uma
contribuição pra alugar vans que levariam 70 pessoas até Ilhéus, cidade que
também fica no sul da Bahia, onde aconteceria um jantar de despedida dos
atletas. De acordo com os familiares, a festa também nunca aconteceu.
Para os pais do jovem Adriano
Leal, de 19 anos, que perderam quase R$ 2 mil, o maior prejuízo foi ver a
frustração do garoto.
"A gente fica triste com
isso, porque eu acreditei muito. É um cara que parecia ser direito. O cara só
falava em Deus e eu acreditava, mas na verdade foi adiando até que chegou a
hora que ele não poderia adiar mais e a casa caiu. Esperamos que Justiça seja
feita e que ele pague pelo que ele fez", lamentou o açougueiro Jair Leal.
"Quando a gente fica sabendo
de questão de peneira, eu botei 19 anos, já é o meu último ano de futebol de
acreditar. A gente vai se organizando e quando acaba acontecendo o que
aconteceu com todos nós, a gente acaba desistindo. É o meu último ano, perdemos
tudo o que a gente tinha, apostamos em uma coisa que deu errado", disse
Adriano.
O caso é investigado na delegacia
de Ibicaraí. A reportagem da TV Santa Cruz entrou em contato com o agenciador
Cláudio Moraes e ele informou que quer devolver o dinheiro das famílias e
pretende fazer isso até segunda-feira (18). O suspeito também disse que as
viagens não deram certo, porque houve um atraso na documentação tanto por parte
dele como dos atletas por meio do treinador.
Veja mais notícias do estado no
G1 Bahia.
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