por Gabriel Rios
Foto: Arquivo pessoal
Valdenice Conceição, 28, natural de Itacaré, conheceu a
canoagem em 2003 por meio do seu irmão Vilson Conceição, medalhista no Pan de
2007. Desde então, a atleta se tornou Campeã panamericana, Campeã Bahiana de
2009 a 2016, Campeã da Copa do Mundo em 2016, terceira melhor do mundo em 2014,
terceira nos jogos Sul-americanos, também em 2014, e terceira no Pan de 2015.
Currículo que inveja qualquer esportista. No entanto, a vida no esporte para
ela é bem mais difícil do que se imagina. Buscando vaga nas Olimpíadas de
Tóquio, em 2020, a atleta fez uma vaquinha para conseguir uma ajuda de custo
para se manter no esporte e no dia a dia. “Foi uma intenção de conseguir um
patrocínio, um apoio ou uma ajuda de custo na minha vida de atleta e
principalmente na vida pessoal, pois tenho dois filhos e sempre tenho que parar
de treinar para sustentá-los por falta de apoio no esporte. Às vezes viajo para
as competições sem condição até para comer, mas com muita força de vontade eu
vou”, disse.
Valdenice Conceição venceu o Sul-americano em 2017 na
Colômbia Foto: Arquivo Pessoal
Valdenice confessa que não esperava a inclusão das provas
femininas de canoagem já nas Olimpíadas de 2020. “Eu não botava muita fé. Desde
2012 que a gente vinha lutando para poder competir numa olimpíada. A briga
estava sendo muito grande, mas graças a Deus, com muita luta, conseguimos esse
feito”. Agora, a atleta busca recursos para participar do Mundial na Hungria no
próximo ano, que será a penúltima qualificatória para Tóquio, já que o Comitê
Olímpico Brasileiro (COB) apoia mais a canoagem masculina. “Em 2019 acontece o
Mundial na Hungria. A pessoa se classificando, o COB tem a responsabilidade de
dar os devidos apoios e patrocínios para os atletas até 2020. O COB apoia muito
a canoagem masculina, mas não a feminina”, lamenta.
A baiana se prepara também para disputar a Copa Brasil em
Curitiba, competição que serve de seletiva para os jogos Sul-Americanos em
Cochabamba, na Bolívia. Entretanto, continua treinando em condições ruins. “Eu
acho a condição de treinamento precário. Eu não tenho uma estrutura boa. Nem
barco, nem nada na Bahia. Eu cheguei sábado em Curitiba para remar a Copa
Brasil que vai servir de seletiva para os jogos Sul-Americanos. Eu estava
treinando em Itacaré com amigos, sem treinador, sem equipamento, sem a
alimentação devida, sem nada. Na associação de canoagem precisa de ergômetro,
barco, remos, mas infelizmente não temos”, enumera.
Valdenice treinando em Itacaré Foto: Arquivo pessoal
Segundo a mesma, o governo estadual nunca a procurou para
oferecer algum tipo de apoio. “Atualmente estão ajudando em projetos de Centros
de Treinamento, mas não ajudam os atletas diretamente. Não teremos uma
estrutura de alto rendimento, só de base. Para mim não seria bom, só para quem
está começando a carreira”.
Valdenice tenta seguir os passos de outro baiano. Isaquias
Queiroz conquistou três medalhas olímpicas no Rio 2016. Entretanto, o que
poderia abrir as portas para o esporte na Bahia não gerou as mudanças que a
atleta esperava. “Sempre tivemos uma boa amizade. Sempre trocamos ideias.
Através dos resultados dele eu não vi melhorias para a canoagem no geral. Foi
um grande feito no Brasil, mas o apoio não melhorou ao nosso esporte”.

A baiana conquistou o bronze no Pan de Toronto em 2015 Foto:
Arquivo pessoal
Mesmo tendo que fazer vaquinhas ou parar os treinamentos
para poder sustentar os filhos, Valdenice nunca pensou em deixar o seu sonho de
lado. “Acho que a dificuldade é meu maior incentivo. Eu sei que um dia posso
chegar longe, por isso nunca desisti”, concluiu.
Bahia Notícias
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