No 65º aniversário do
jogo, morre Alcides Ghiggia, autor do gol do Maracanazo'Compartilhar 'No 65º
aniversário do jogo, morre Alcides Ghiggia, autor do gol do
Maracanazo'Compartilhar 'No 65º aniversário do jogo, morre Alcides Ghiggia,
autor do gol do Maracanazo'
Ghiggia segura a taça
da Copa do Mundo; peça está no Uruguai agora
Alcides Ghiggia tinha
88 anos
Morreu nesta
quinta-feira o ex-atacante Alcides Gigghia. Foi dele o gol da vitória por 2 a 1
do Uruguai sobre o Brasil na Copa do Mundo de 1950, na partida que ficou
conhecida como Maracanazo. Ele sofreu um ataque cardíaco e não resistiu. Tinha
88 anos, e era o último jogador vivo de uma das maiores partidas da história do
futebol.
Coincidentemente, a
morte de Gigghia ocorre exatamente no 65º aniversário daquele jogo, disputado
também em um 16 de julho, no Maracanã lotado por 199.854 torcedores. O então
jogador do Peñarol marcou o gol da virada celeste, aproveitando a famosa falha do
goleiro Barbosa, que não defendeu seu chute no canto esquerdo.
Gigghia tinha saúde
estável, mas que ficou debilitada depois de um acidente de carro, em 2012, que
o deixou no hospital em estado grave. No entanto, ele sempre comparecia a
eventos importantes em que era convidado, como o sorteio dos grupos da última
Copa do Mundo, que aconteceu em 2013, na Costa do Sauípe, na Bahia.
Dono da medalha de
Ordem de Mérito da Fifa, a lenda do Uruguai foi homenageada em 2009, colocando
os pés na Calçada da Fama do Maracanã. Ele foi apenas o sexto jogador
estrangeiro na história a ter essa honraria, após o chileno Elías Figueroa, o
paraguio Romerito, o alemão Beckenbauer, o português Eusébio e o sérvio Petković.
Agradecido,
emocionou-se e chorou.
"Nunca pensei que
seria homenageado no Maracanã, estou muito emocionado. Meus sinceros
agradecimentos ao público. Agradeço profundamente. Viva o Brasil!".
Ghiggia Maracanã
Uruguai Brasil Maracanazzo
Ghiggia tem os pés na
Calçada da Fama do Maracanã, estádio que calou em 1950
Quem foi Alcides
Ghiggia
Nascido na capital
uruguaia em 22 de dezembro de 1926, Ghiggia começou a carreira de jogador aos
20 anos, no Atlante. No ano seguinte, passou a defender o Sud América, modesto
clube de Montevidéu que circulava entre a elite a segunda do país.
Em 1948, apenas dois
anos antes do Mundial do Brasil, Ghiggia chegou ao Peñarol. O clube foi campeão
nacional em 1949 de forma invicta. Além daquele jovem ponta-direita, a equipe
tinha o ótimo goleiro Máspoli, o aguerrido centromédio Obdulio Varella e um
ataque mortal, com Schiaffino, Míguez e Vidal.
O grande time do
Peñarol acabou se tornando a base da seleção uruguaia que viajou para o Brasil
em busca do bicampeonato mundial. E Ghiggia, o menos famoso daquela linha de
ataque antes da Copa, acabou tornando-se uma das estrelas do time.
Ghiggia durante
homenagem no estádio Centenário, antes de Uruguai x Jordânia
Ghiggia durante
homenagem no Estádio Centenário
O ágil ponta-direita
ganhou espaço ao longo da competição. Com a desistência da França, o Uruguai
teve apenas a Bolívia como adversária na primeira fase. Na goleada por 8 a 0, o
destaque foi Míguez, com três gols; Ghiggia marcou o último, aos 38 do segundo
tempo.
Na fase final, o ponta
voltou a marcar. Foi dele o gol que abriu o placar contra a Espanha, em duelo
que terminou empatado por 2 a 2. Quatro dias depois, Ghiggia marcou o primeiro
da vitória por 3 a 2 sobre a Suécia.
Quando os uruguaios
chegaram à última rodada do quadrangular final, contra o Brasil, no Maracanã,
Ghiggia já era um nome conhecido. Afinal, ele era o único jogador uruguaio que
havia feito gols em todas as partidas.
Na "decisão"
do Mundial, os brasileiros entraram na decisão como franco-favoritos. Com
melhor campanha na fase final, a seleção jogava por um empate; uma vantagem
que, aliada à euforia da torcida, criava um clima de vitória anunciada em todo
o país.
Maracanazo, o fantasma
que é maior para estrangeiros do que para brasileiros
Um clima que contagiou,
também, as milhares de pessoas que lotaram o Maracanã. Não há registros
precisos do público daquela partida. A Fifa adota 173.850 como número oficial.
Mas há quem diga que eram 190, 200 mil pessoas nas arquibancadas.
Uma multidão que fez
festa durante 79 minutos de jogo. Um país inteiro que vibrou no gol de Friaça,
aos 2 minutos da segunda etapa, e que pouco se preocupou quando, aos 21,
Schiaffino faz 1 a 1. Um povo que esperou, segundo após segundo, pelo primeiro
título mundial. Mas, no meio do caminho, havia Alcides Ghiggia.
A cena não sai da
cabeça dos brasileiros. O ponta recebe a bola pela direita, avança e chuta
cruzado, quase sem ângulo. A bola não sai forte, mas quica no gramado e passa
entre o goleiro Barbosa e a trave esquerda.
ARQUIVO
Atacante do Uruguai,
Ghiggia comemora gol contra o Brasil na final da Copa do Mundo de 1950
Ghiggia comemora seu
gol no Maracanazo
O gol foi o segundo do
Uruguai e selou a derrota por 2 a 1, a maior tragédia do futebol brasileiro em
todos os tempos (até o 7 a 1 de 2014...). Foi, também, o quarto de Ghiggia em
quatro jogos naquele Mundial. Curiosamente, o ponta jamais voltou a marcar pela
equipe celeste. Foram ao todo 12 partidas e aqueles quatro gols, todos marcados
na Copa.
Depois de se tornar
herói nacional, Ghiggia ainda ficou no Peñarol por três anos. Em 1953, foi
contratado pela Roma, onde ficou até 1961. Em 1957, o ponta-direita defendeu
também a seleção italiana.
Ghiggia poderia ter
disputado outras duas Copas do Mundo. Mas quis o destino que o Mundial de 1950
fosse o único do carrasco brasileiro - em 1954, a Roma não liberou o
ponta-direita para jogar pelo Uruguai; quatro anos depois, quando defendia a
Itália, ele viu a equipe ficar fora da Copa do Mundo na Suécia.
De volta a Uruguai,
Ghiggia ainda defendeu o Danúbio, antes de se aposentar. O herói nacional
passou a trabalhar como funcionário de um cassino em Montevidéu ao lado de
Obdúlio Varela, companheiro de Peñarol e de seleção uruguaia. Ali, aposentou-se
pela segunda vez, garantindo condições financeiras de se manter até o fim da
vida.
Em 2009, Ghiggia, já
com problemas de saúde e dificuldades de locomoção, voltou ao Maracanã para
receber a maior homenagem da carreira. O uruguaio foi o centésimo jogador a
colocar os pés na Calçada da Fama do estádio que havia calado 59 anos antes.
Fonte;ESPN
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