O STF (Supremo Tribunal Federal) encerrou o julgamento do mensalão sem
definir quando 22 dos 25 condenados no processo começam a cumprir suas penas.
O procurador-geral da República, Roberto Gurgel, pediu ontem mais tempo
para reiterar seu pedido de prisão imediata. A medida pode ser uma estratégia
para forçar uma decisão individual do presidente do STF, Joaquim Barbosa, já
que nos bastidores integrantes da corte apontavam que o pedido deveria ser
rejeitado pelo plenário.
Supremo decide pela perda de mandato dos parlamentares. A análise
ocorreria de forma monocrática porque na quinta começa o recesso do Supremo,
sendo que as atividades serão retomadas pelo plenário apenas em fevereiro.
Ontem, Barbosa afirmou que, se o pedido chegar no recesso, ele decidirá
sozinho.
Joaquim Barbosa durante a última sessão de julgamento do mensalão no STF
O STF só realiza mais uma sessão amanhã. O procurador-geral alegou que
aguardava o fim do caso para fundamentar melhor a questão, mas reafirmou aos
ministros que é "cabível" o cumprimento automático das penas.
Gurgel diz que recursos das defesas dos réus condenados não poderão
reverter a decisão do STF: "Eu formulei [o pedido] na sustentação oral.
Entendi que é cabível". A assessoria da Procuradoria informou que não há
previsão de quando o novo pedido de prisão será reapresentado. Sem a punição
imediata, Gurgel avalia que as prisões só começarão em 2014 pelos recursos das
defesas.
Entre os condenados 11 tiveram penas superiores a oito anos de prisão e
terão de cumprir pena inicialmente em regime fechado, como José Dirceu e Marcos
Valério. Ministros ouvidos pela Folha defendem que as condenações não sejam
apressadas. Isso seria incoerente com a posição do STF, que desde 2010 condenou
cinco parlamentares que até hoje não começaram a cumprir a pena.
Para eles não seria conveniente aplicar um rito diferenciado para não
alimentar a tese de que o STF fez um julgamento político e de exceção.
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